terça-feira, 17 de setembro de 2013

Se Me Amasse Menos Me Amaria Melhor

quis dizer que se me amasse menos me amaria melhor.
não reconhecia felicidade pelo que se pode ser.
preso aquela ideia de horizonte fora da estrada de tijolos amarelos.
não seguiríamos o calendário, óbvio que não.
em três meses tanta coisa não acontece...
protestou que te arrancaram meu canto.
non sense, honey boo.
me tiraste a poesia, te tiraste de mim.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Não Sabemos Dizer

da sua dificuldade em engolir pílulas
e de confessar seu amor balão

território obsoleto com inflamação interna
'vai ter que operar' disse o especialista com the end of the road nos olhos

não fomos ver o mar
não dançamos jazz clássico coladinho
não aprendi nem de longe a cozinhar
não viramos a dupla de poetas mais sincera e tocante

e não sabemos dizer 'aqui jaz o maior amor do mundo'.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Um Chamadinho No Canto Do Ouvido

Não sucumbia de paixão talvez pela surdez cientificamente não comprovada. Era um tal de 'diz de novo', 'repete, benzinho' e 'o que você disse' que perturbaria qualquer cristão depois de tantas tentativas falhas de sedução. Vez ou outra fechava os olhos e tentava se concentrar em cada sílaba, cada umazinha. Vez ou mais desistia e lhe roubava um beijo afinal sabia que eram amorosidades que eventualmente culminariam numa precipitação qualquer. Tinha medo de concordar silenciosa pela falta de paciência e principalmente pelo zumbido no ouvido. Mas o que havia de se fazer? Até o seu íntimo era prático.

domingo, 18 de agosto de 2013

'Inda Que Agosto

'inda que agosto fosse interminável
acordeons descompassados
flores-sol sobreviveriam ao gélido inverno

decretou-se:
parceria só se faz depois de
.provar.
uma colherinha de pimenta sem
salivar mais de 3 mililitros
de mãos dadas
mareando pupilas
e tenho dito





segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Sim, Mentes.

se é minha força que te invade em dor
sucumbe ao mergulho inevitável
inseguras farpas sufocadas
soco oco sem fundamento algum
s i m p l e a s e m e n t e
ataque pelo medo
máscaras de concreto despencando
e eu achando graça

sábado, 3 de agosto de 2013

Pilhas Recarregáveis

vazio que não é falta:
nem preencher se com flores
nem marchar de pés atados

pouco me desloquei desde o
último colo

atrito absoluto no para si
intencionalidade que não
capta pensamento

te peço:
não sublime sintonias

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Pare Repare

Até a Anna do Lenine teve que aturar "hoje eu quero sair só".
Até a top model magrela da passarela teve que pousar de besta.

E quem somos nós para exigir o terno amor barato que nada pede e tudo relativiza?

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Respostas Para Alguém Em Paris

Quando você me deixou, meu bem:
-Um gato branco e preto de olhos azuis que reprova todos os meus "pés atrás".
-Uma máquina de escrever que se recusa em continuar minhas cartas endereçadas a você.
-Uma garrafa de tequila lacrada e estacionada na estante mais alta da cozinha.
-Um chororô de aproximadamente quinze litros, três soluços sem ar e lenços de papel johnson's.

sábado, 13 de julho de 2013

Estou Te Preparando

Um corpo na
relação com Uma subjetividade:
operações incertas às
vezes contraditórias
instabilização em
si
.


Telas em arquivo:
experiê
'n
cia
Pensar de dentro.

Para que pequena infle como um balão de hélio e cause gargalhadas histéricas por todo o vilarejo.
Para que entenda: só quem marca território conhece as mazelas de um período de seca.
A cópia mal feita.
O Não-Lugar.
Quebra-Cabeça.

Pensar de dentro.

A recompensa: tea for two/maior amor do mundo.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Para A Obra, Vida, Diana e Felipe

Não sei se foi o martelo que não bateu no andar de cima ou o relógio biológico, condicionado há seis meses atrás desde que a obra começou, que falhou. Ou se foi acordar ao seu lado sem pressa e principalmente sem planos pro almoço. Ou a pizza congelada que virou cotidiano. Ou o beijo que te dei encostada na geladeira e disse que estava completamente apaixonada por você. Ou porta do elevador que especialmente hoje demorou de fechar e pude ter a certeza de que encontraria aquele seu olhar em breve. Ou a música repetida que toquei no violão a tarde toda. Ou a mocinha mais linda que chegou de supetão, sentou no chão do meu quarto e me disse maravilhas ao pôr do sol. Ou o caminho para as barcas que ela faria (que coragem)! Ou meu analista que me fez admitir e confessar que pela primeira em seis anos eu tinha me libertado: estava finalmente e novamente vivendo como Eu e não como Lóri ou como Victoria.

Clarice perdeu para o inédito.

Assinado,

Eu.

Em Dias Nada Perto

1) Escrevi bipolaridades amorosas.

2) Inundei superfícies planas.

3) Tramei maquiavélica.

4) Acreditei (disfarçadamente) que begônias eram violetas.

5) Inundei superfícies planas.

6) Competi pela vaga de pateta.

7) Me alistei pro exército.

8) Fui gostando do 'realmente' clichê.

9) Finalmente entendi o amor.

10) Abri mão do individualISMO. O ISMO É QUE MATA.

domingo, 23 de junho de 2013

Outras Bugigangas

Em tempos de outono virando inverno, Bolô descobriu que o laptop esquenta muitíssimo depois de dias ligado numa funcionalidade-frequência absurda. Aceito o aconchego interesseiro desse gato que tem se mostrado menos cínico do que eu preciso.
Aceito os maus do século: a noite se prolonga e me engole, fecho as cortinas em pleno dia e ligo o abajur do eterno pôr do sol pintado na parede do meu quarto, tomo um comprimido para relaxar o que aparentemente não tenho o menor controle apesar de ser meu, só meu. Silêncio. Leio Tennessee Williams em voz alta, passeio por cada cômodo da casa. Separo roupas, sapatos e outras bugigangas que não se encaixam mais na regra dos seis meses. Preciso me livrar de tudo que passou e não faz mais parte: fotografias, camisetas masculinas, escovas de dente, impressões digitais, finais inventados... só não consigo me desfazer das cartas. Por essas cultivo um amor especial e doentio.
Tenho a impressão que tudo lá fora se move e aqui dentro é caixinha secreta de música.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Infinito É Aquilo Que Não Se Mede, Não Aquilo Que Dura Para Sempre

Querida Victoria do futuro,
sim, "querida". Quero que você saiba que apesar dos momentos de desespero e solidão vazia e seca, você é muito querida pelas pessoas ao seu redor. Até mesmo por pessoas que você nem imagina ou nem conhece e claro: por você mesma, acredite. Não quero que você se preocupe com pensamentos nefastos suicidas utópicos que eventualmente podem passear por sua cabeça doentia. Desde sempre sentimos isso...e olha só que bacana: se você está lendo essa carta é porque alguma coisa te salvou de se afogar em si mesma. Não sei se ainda serei uma romântica incurável, inclusive me perdoe se o que você vai ler agora vai soar extremamente brega e piegas -agora já soa- , mas hoje acho que a bóia que me puxa para dentro do bote é o amor gigante que sinto.

Espero que até aí tudo já esteja mais ou menos calmo. Ou menos caótico, aceito também... Explico: sinto que estou passando por um dos momentos mais instigantes da minha vida. Ao mesmo tempo em que me vejo explodindo de ideias e pensamentos criativos, críticos, verdadeiramente plausíveis de se discutir e validar, me sinto confusa, perdida num furacão sem saída aparente. Finalmente encontro respostas para algumas questões que abarcam minha profissão (teatro, não esqueça), o mundo ao meu redor, o jeito insuportável e imprevisível de ser de cada um (desculpe o pessimismo mas estamos no meio de uma revolução) e até arrisco dizer a política. Mas se tem um assunto que jamais poderei te ajudar e que sempre me confunde mais que tudo é justamente a tal bóia que falei lá em cima...vez ou outra tenho a impressão que ela está estrategicamente furada e não tem cola, durex ou super bonder que possa consertar.

Pode ser que você dê gargalhadas ao ler isso mas não se esqueça de pedir desculpas a sua mãe por ter culpado a pobre coitada de ser responsável pelo seu "acordar" no dia em que ela te entregou o "Uma Aprendizagem ou Livro Dos Prazeres". Tem sido sim um processo doloroso desde então. Mas graças a deus! Não é assim que se evolui? E também, quem resolveu ler esse bendito livro e continuar na busca foi você. Então, se tiver que culpar alguém, culpe-se. Tá reclamando de quê? Pelo menos você está passando por isso acompanhada de grandes poetas, músicos, artistas, sociólogos, cineastas, escritores e bruxos...se não fosse por Ela, você não conheceria nada disso!
Peça desculpas a seu pai também por todos os momentos radicais e sem filtro de discordância em que provavelmente você deveria ter pensado duas vezes. Ele sempre quis e continua querendo somente o seu bem e ele é de longe uma das pessoas mais éticas que você já conheceu. Um pouco cabeça dura...mas nem preciso dizer que essa característica é também e principalmente nossa.

Agora um conselho de amiga: não confie nunca no "random". Hoje voltando da sessão de "Antes da Meia Noite" e roubando um tempinho para caminhar na praia no fim da tarde, olha o que ele me aprontou: Lenine com "A Medida Da Paixão", Florence com "Addicted to Love", Chico com "Tanto Amar", Nina Simone com "Here Comes The Sun" e antes que eu pudesse desistir, Simon and Garfunkel (aposto que você ainda terá dificuldade de pronunciar esse nome) com "America". Ou seja, não.

Rezo para que você tenha mais paciência, porque hoje me vejo presa em armadilhas sociais: preciso ser educada e compreensiva em alguns momentos indispensáveis para não criar um mal estar mas não consigo aturar gente careta, preconceituosa, reacionária e hipócrita. Ah, quer saber? Retiro o que eu disse e ainda digo o contrário! Nunca abaixe a cabeça perto dessas pessoas, nunca. Lute por tudo que você acredita e nunca se prive de reciclar seus ideais.

Se você se tornou uma performer consagrada ou uma grande estrela de cinema, parabéns! Você alcançou seu sonho lindamente! Apenas te peço: seja genuína. Em tudo que fizer. Faça porque você acredita, porque você precisa fazer acima de tudo, porque é somente isso que te faz sentir viva. E faça com amor, muito amor sempre.
Não se esqueça de cuidar de si. Não se esqueça de cuidar dos outros. Só alimente relações com pessoas que fazem o mesmo: cuidam de si, cuidam de ti e cuidam do outro. Agradeça ao Universo pela existência, não há nada mais precioso que isso. Vida correndo solta...desgovernada. Seja selvagem! Seja liberta! Liberte o mundo inteiro ao seu redor ou pelo menos a moça da padaria de todo dia. Crie hábitos, siga uma rotina (afinal você precisa aterrar, concorda, câncer com peixes?) mas nunca, NUNCA SILENCIE O ARREPIO.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

O Estado Não Joga Junto E Os Pássaros Que Continuam Cantando Apesar De

O Estado não joga junto: apenas desconforto e repressão. Ele abomina qualquer "click". Sentiu que você tomou consciência, ele corta, ele extermina se preciso. E mente justificando: "é por uma causa maior". A segurança só é garantida no "disperso", nunca no "estar em bando". E olhe lá! Estar em bando é perigoso demais.
Talvez só o amor possa salvar tudo isso. Porque na minha opinião uma revolução de armas, uma revolução de violência é voltar no tempo. É regredir mentalmente, é regredir espiritualmente, é você ferir a alma do outro. E não tem nada mais cruel que isso. Então sinto que quando a revolução não vem do amor, quando não nasce genuinamente do amor... NADA.

Sinto que tudo que não vem disso é O grande problema do mundo.




(UM VAZIO ENORME)




Escuta esses pássaros....

O quê que há de repreensível nisso?

(Canto de passarinhos ao fundo).

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Padrão? Imagina.

A consciência de que em todo "amanhã oito horas" o bate bate começa. Minha vontade é de não dormir até tudo isso passar pois mesmo já sabendo de cor e salteado, sempre tomo um susto terrível: primeiro derrubam as paredes, depois trocam todo o sistema elétrico e tubulação e por último começam do começo, pedra por pedra, cimento em tudo. Esqueci de dizer que essa parte de assassinato em massa ou exterminação do que um dia foi pilar é a mais demorada. Há um certo sadismo que nem Freud explica. E se nem ele explica...quem sou eu para arriscar palpite?

Prometi Ser Mais Objetiva

Cheguei em casa como quem não quer mais.
Sua carta voltou.
Seu cheiro nunca foi.
A chave emperrou na porta e todo meu drama de carinho grátis.
Pouquíssima consideração.
Lógica menor ainda.
Cadeiras reservadas porém vazias.
Seu rosto em cada descuido.
Prometi ser mais objetiva:
Não quero mais saber de Para Roma Com Amor,
Paris na chuva e fora do tempo,
E até o Woody Allen caiu na censura.
Ana C nem de longe.
Perto nunca afora.
Agora.
Aqui e finalmente numa relatividade absurda!

domingo, 9 de junho de 2013

Me Marquei Como Sua

Pensei que seria simples e suave te deixar em stand by. Simples e suave coisa nenhuma! Não se ensina o arrepio.
A verdade é que eu queria te convidar para ir para outro espaço comigo, topas? Juro que não faltará espanto, não faltará estrada e que não restará vazio.
Euforia mi-li-me-tri-ca-men-te programada: um gosto de "mentos" de morango, ou de laranja ou de abacaxi mas nunca de limão, preso nas nossas bocas. Juntas se anulam. Juntas viram um único ponto florescente do Universo! Jazz clássico insubstituível...vamos dançar até os nossos joelhos pedirem arrêgo! E aí então, dançaremos com os olhos...só com os olhos, nossos cúmplices: toda nossa fé cênica timida e em sintonia doce...

Te marquei como cicatriz. Me marquei como sua.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Led Zeppelin - Since I've Been Loving You

Música não permite interrogação, o bom e velho rock n roll sabe muito bem de quem fala: pessoas que nunca param, nunca, nunca! Pessoas-correntes-perene. Pessoas de alma inquieta, de entrega plena, pessoas furacões, pessoas com a verdade estampada nos olhos, pessoas que precisam espalhar pro mundo todo!

sábado, 1 de junho de 2013

Sem Ponto Vírgula Exclamação E Muito Menos Interrogação

patafísicos engenheiros elétricos chefs franceses e figuras da mais alta e completa mafia rússia se encontraram para discutir esse último passo em busca do meu precipício ou da minha glória eterna voo alto sem paraquedas sem certeza mas com muita vontade compasso interior batida mixagem qualquer entusiasmo a importancia de sempre sempre sempre deixar um bilhete cartinha sem mais nem porquê

Never Look Back

Clarice já disse tudo.
Quem sou eu através do espelho:
esperanças retalhadas e proibidas,
aversão à inocência,
estranheza
e o dever de sempre seguir em frente.
Depois do vazio, mais vazio.
Cavar afetos,
cavar expectorante,
cavar interrupções.
NEVER LOOK BACK.

Aviso As Senhoras E Aos Senhores Que Sempre Haverá Saída

Aviso as senhoras e aos senhores que sempre haverá saída: seja no sorriso bobo e cúmplice do casal na beira da praia, seja no vendedor de algodão doce que aparece quando eu mais preciso.
Acredito na força da minha intuição de tal forma que não penso duas vezes. Se não viajei é porque não era hora, não era hoje, não era assim.
Perdi lareira, perdi aconchego, perdi a noite, perdi Nina Simone, perdi fondue, perdi os sete graus de Campos do Jordão e o que é pior...perdi a oportunidade de usar luvas performáticas vermelhas e de poliéster!
Mas posso dizer que ganhei uma noite insone, ganhei a certeza de que certas relações são sim eternas, ganhei o cuidado de alguém inusitado, ganhei o calor do corpinho de Bolô deitado nas minhas pernas, ganhei um dia carioca atípico, ganhei almoço vegan, ganhei família, ganhei andadinha na praia, ganhei olhares curiosos para minha bota em pleno calçadão, ganhei Zeca Pagodinho e a Verdade, ganhei algodão doce rosa e o que é melhor...ganhei "o porque" de morar nessa cidade (que cada vez me parecia mais e mais distante)!

No final das contas sempre é a gente que escolhe para onde olhar.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Tua Mais Completa Tradução

Reconheço a Bahia, triste Bahia, em mim quando Caê faz poesia na vitrola, quando me faço forte, quando acho graça para não chorar. Reconheço Eu Nordeste quando sou boba da corte, quando carrego o Brasil inteiro nas costas: esse mesmo que faz piada do meu sotaque, que faz piada do meu descanso, que faz piada sem saber que eu já ri muito antes e melhor. Reconheço sim. Canto alto. Grito pouco. Me adapto muito. Alguma coisa acontece no meu coração...

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Apenas

Que seja apenas uma questão de bom senso, e é claro que de inegável consciência também: é preciso entender e respeitar o poder da palavra, o poder da imagem, o poder de uma ideologia. Falo do risco que corremos ao expor uma opinião qualquer, das mais bobas até as mais polêmicas. Quem me conhece sabe que mais do que ninguém, e mais do que nunca, respeito a liberdade de expressão e acho mesmo que grandes embates nos levam para frente pois nos fazem parar, refletir e muitas vezes produzir argumentos de grande valor. A grande questão é que vez ou outra me bato com posições tão absurdas, preconceituosas, machistas, dignas de pena, e imediatamente meu alarme interior apita bem alto e me questiono com um certo peso: será que tudo é mesmo permitido?

sábado, 25 de maio de 2013

São Paulo, dia X, madrugada.

Mon cher,
entendo do pouco que me faz levantar e escrever, do muito que rasga aqui dentro e me aquece, do quase nada que inventa qualquer moda e principalmente da vontade que vai e vem sem culpa alguma.

Escrevo de uma Remington12 amarela, gasta pelo tempo e de espaço indefinido.

Fecho os olhos e marco cada batida do meu coração. Finalmente aceito que o vazio faz parte de tudo que me cerca e não poderia fugir disso visto que faço parte das coisas todas.

Lembro de Ferreira Gullar: "não te mataste, não vais te matar e aguentarás até o fim". Talvez uma vírgula a mais. Talvez nada.

Te escrevo para que não te esqueças de mim pois não garanto que lembrarei sempre que necessário. Te escrevo para que me guardes em uma gaveta velha junto com o ticket destacado de cinema, junto com o medalhão de família e até talvez na gaveta de revistas pornô.

Rezo para que a sua memória não seja tão efêmera quanto a minha.
Rezo para que você me salve do tédio, do medo da solidão, da janela trancafiada numa noite fria, gelada.
Rezo para que não tenhas insônia e que num repente resolvas me apagar por completo sem ao menos reconsiderar. Já o fiz tantas vezes...
Rezo para que completo, não sintas necessidade do agora e sempre.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Meteorological Delay

Aeroporto fechado: "meteorological delay".

As palavras da Mãe de Santo rondando minha mente: "você vai encontrar um grande amor onde menos espera". Quer lugar mais inesperado que isso?

Seria obra dela, do Destino ou apenas contratempo:
Um astronauta vestido em carmim pronto para me levar de carona?
A moça que me vendeu o pão de queijo já frio?
O super herói que resgatou minha mala do buraco negro?
O ator super famoso, super acessível, super pra frentex?
A amiga de fila que me passou o celular para nos encontrarmos na Virada?
O gato de all star sujo que meditou silenciosamente comigo?
...

Milhões de exemplos e a certeza de que existem dias em que o Amor parece ser deixado de lado. Martírio e sacrifício apenas. Exercício quase impossível de leveza e bom humor.

E aquela velha esperança de ser encontrada.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

O Que Me Faz Viajar Doze Horas Toda Segunda E Terça Feira Ou O Que Move Um Coração Que Capta Tudo Ao Redor

Formigamento!!!!!!!!!
Adrenalina, mãos suadas, peito batendo a mil por hora, bochechas doloridas de tanta alegria contida, unhas roídas até não dar mais. Prendo o cabelo, solto o cabelo, marcho de um lado pro outro, fico tonta, sento, levanto, corro, corro, corro! Vou me atrasar! Não marcamos oito horas? Mas que horas são? Que diabos! Ainda são cinco e meia! Vou tirar um cochilo então. Não, melhor não...e se eu apagar de vez? Melhor pegar alguma coisa pra ler. "Credores": não! "Algo Não Dito": não! "Fala Comigo Doce Como A Chuva": não! "Fim de Jogo": não! Nada disso! Tá, vou ouvir música então. Que música? Ah...vai no aleatório mesmo. Próxima. Próxima. Próxima. Silêncio.

Fui meditar.

Tentei meditar.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Por Mim

Escrevo para quebrar a corrente sináptica.
Escrevo para alcançar, fugir do Real.
Escrevo para me tornar vício e desapego.
Escrevo para entender e me entender.
Escrevo para você, para eles, para o desconhecido.
Escrevo por mim.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Hard Feelings (Leminski)

Oceans,
emotions,
ships, ships,
and other relationships.
keep us going
through the fog
and wandering mist.

What is it
that I missed? 

domingo, 28 de abril de 2013

REC

Gravei você: reclamando do sol, rasgando os boletos antigos e agora sem valor, tirando minha música favorita no violão, rindo descontrolado, se olhando no espelho, falando da vida e de tudo que é inevitável, confundindo palavras (Freud explica), admirando o porta retrato da sala, melando a boca sem perceber com a calda extra de caramelo do sorvete de três bolas que você pediu, escolhendo o caminho errado, voltando atrás, não voltando atrás, gritando sem motivo, espremendo aquela espinha inflamada que você me prometeu não mexer, roendo o polegar compulsivamente, vestindo meias diferentes, dançando um brega qualquer...


Só não gravei: o vazio histérico que se instala em você, bate no espelho, reflete em fusão interna eterna e num descuido me pega de raspão.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Você Já Esteve No Céu?

Anúncio: fogo, fogo, fogo! Ouvi alguém indicar num grito rasgado que a escada era o mais indicado mas minha teimosia e pressa de chegar me empurraram para dentro do elevador. Claustrofobia das maiores, sufoco e um precipício gigante. Deixe-me sair! Deixe-me sair! Uma luz branca me cegou e perdi todos os sentidos.

Marca-passo em pensamento. Coração numa velocidade de aproximadamente 220 km/minuto. Potencialmente perigoso. Alucinação iminente e sem previsão de volta.

Al Bowlly, Al Bowlly, Al Bowlly, Al Bowlly, Al Bowlly...disco tocando...uísque com bastante gelo para não queimar... the very thought of you... segredos contados baixinho... teu hálito violeta... sou toda ouvidos... you're my everything... merci, merci, mon cher... esperança nostálgica... troca de cartas sugestivas... orquestra comportadíssima... guilty of loving you... dedos longos... desejo bip bop blues... acordar do lado certo da cama... i never had the chance... pausa para o alcance... você já esteve no céu?

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Devotion Em Turnê

Earth, Wind & Fire me tirando para dançar e para lembrar da sua risada looping aguda. Movimento sem pé nem cabeça, sabe? É só saltitar lá dentro, lacrar bem lacrado os olhinhos, balançar os ombros e o quadril de um lado pro outro pra frente pra trás para diagonal para paralela para sul para norte para leste para oeste para o infinito e entrar no ritmo! Sonhei que a gente criava uma banda chamada Devotion. O repertório era uma mistureba só...oitenta porcento era PUNK ROCK, ok, ok...já era de se esperar! Mas o que realmente agitava a galera era o funk, o R&B e principalmente Soul! Nada disso espantava: tudo o que se faz de coração, de alma mesmo, toca fundo lá no último suspiro. Maurice era o nosso fã número um: ia para todos os shows (inclusive ele foi naquele que fizemos em Stella Maris, lembra? aquele fiasco...), sabia todas as nossas músicas de cor e salteado, escrevia cartas de mais de metro e numa loucura qualquer até tatuou nosso nome na palma da mão esquerda. Ah...Maurice...quanto amor!
Vez ou outra rolava uma briguinha aqui, outra acolá...tá, a gente brigava quase todo dia...mas acho que é normal. Minha avó sempre me disse que amizade e negócios não se misturam. Agora adicione a essa conta uma paixão vital pela música, uns rolos emocionais tremendos (eu bem te avisei que a gente não deveria se beijar nunca), um ciúme reprimido e para completar, minha falta de habilidade de lidar com sua grosseria. Quantas vezes já chorei escondido? Quantas vezes usei dela como desculpa para qualquer escorregadinha básica e necessária? Água e fogo não se misturam, uma anula a outra...se bem que vez ou outra só faz alimentar e crescer para o infinito. Enfim, como me disseram: negócios à parte! Só posso te dizer que pode ficar tranquilo, a banda não tem um fim trágico e inevitável. Sobreviveremos a cada crise. Talvez um hiato ou dez mil...alguns mais longos que outros...mas tudo calculado direitinho. Another road where maybe I could see another kind of mind there! 

terça-feira, 16 de abril de 2013

Sem Título Porque Assim Como Meu Coração Uma Caixa Vazia (E Apertada) Em Nada Comove

Ontem descobri:

Sem contato não há conflito.

Celulares pré pagos não pegam no exterior.

Ninguém toca "As Time Goes By" como Sam.

Nem todo suicídio é um grito de desespero.

Me perco nas contas e principalmente nos contos.

Voos podem ser ultra antecipados sem prévia autorização de um cardiologista.

E claro: "We will always have Paris".

sábado, 13 de abril de 2013

O Dia Em Que Vida Descobriu Meu Retrato


Sábado De Aleluia

Hoje como de costume pintei a boca de vermelho, lembrei de você, prometi jamais voltar atrás e marquei cada passo com feijões coloridos e um pouco velhos: guardados sem cuidado na estante...até mesmo esquecidos no mês de abril.

O que não era de costume e se deu como um piscar de olhos: a fronteira, ou até quem sabe "a distância", necessária para não se perder a clareza e principalmente a COERÊNCIA. Brinquei com todos, dei colo para Nilo: extremamente difícil e ao mesmo tempo só amor (mais tarde saberia da sua "condição especial", sem prés: autista), marchei escandalosamente na chuva, fiz história. Afinal qualquer lugar é lugar. COERÊNCIA.

domingo, 7 de abril de 2013

Você

me salva?

A...

Chamei sua poesia de ridícula e desnecessária, cuspi como se um profundo nojo me chegasse. Estranhíssimo. Quase motivo de despejo.
Recolheu suas coisas, abotoou sua camisa e reticenciou que talvez eu não entendesse.
Fez de meu mau gosto ignorância.

A(m

en
in
a

qu
en
ão
sa
bi
al
er
.)

...

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Quatro de Abril Não Dezesseis de Setembro

enquanto você parece não ter medo de se jogar da ponte sem vírgula sem cálculo mesmo sem mar eu fico aqui paralisada observando e corrigindo cada parágrafo colocando ponto onde não devia aspas onde menos se espera e o que é pior fico imaginando o que leva alguém a ser assim sem freio algum ou esconde muito bem ou eu que não consigo distinguir impulso de estímulo ou até mesmo provocação rio que corre solto soltíssimo

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Se É Para Falar De Você Que Ao Menos Se Encha A Boca Para Falar De Mim Também

Se é para falar de desejo que ao menos se apague a luz, que ao menos se feche a cortina, que ao menos me vista o espartilho, que ao menos prevaleça o sussurro, que ao menos o obstáculo seja insuficiente e que a espera seja temporária.
Se é para falar da nossa dança louca na madrugada que ao menos toque um jazz sem escrúpulo num repeat eterno...
Se é para falar do meu olhar que bate no seu e reflete para outras galáxias igualmente arrebatadas que ao menos se permita o encontro.
Se é para falar de She And Him tocando na rádio 24h seguidas que ao menos se construa um teletransporte de uma vez por todas.
Se é para falar de ansiedade que ao menos me emprestem um paraquedas.


Se é para falar de você que ao menos se encha a boca para falar de mim também.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Once Upon A Time

Avisou que não viria mais: último beijo, poema sem fim, assombração puxando o pé, superdosagem de rivotril.

Avisou que não sabia se viria e veio: episódios inéditos de doçura, I know I'll think of you every step of the way, um salva vidas correndo para alto mar.


sexta-feira, 29 de março de 2013

Rio de Janeiro, Ainda 29 de Março de 2013.

Desejo ser suave, livre, inteira, pura, ingênua, fluida. Você não sabe que o sincerocídio só machuca? Desejo ser aquela nota que não se alcança pela transparência, pelo gosto indefinido que vicia sem o menor escrúpulo. Você não sabe que a ignorância só nos afasta? Desejo ser as trinta e oito flores que ainda não recebi. Você não sabe que existe remédio para dor de cabeça? Desejo um Love You Madly em cada pedacinho novo de retina. Você não sabe que as minhas lágrimas evaporam antes mesmo de atingir a fronteira?

terça-feira, 26 de março de 2013

Metamorfose

Andei até a Ana Rosa, fiz baldeação na Sé, saltei na Marechal Deodoro e caminhei até a Albuquerque Lins só para te encontrar e te dizer que devorei todas as sementes de girassol que estavam comigo! Juro que não queria! Já digo logo que a culpa toda foi da Tata que num repente alucinógeno resolveu sentar de frente pra mim e dizer em alto e bom som: "vamos comer essa porra agora, juntas". Salgadas e tostadas, isso é o que me lembro. Fiz cara feia.

Poucas horas antes disso, Tania me ligou e me confessou que só me deu as sementes de presente porque quando ela era criança, o pai dela dizia que sempre que ela comesse qualquer semente, a flor (ou o que quer que fosse) ia brotar dentro dela. Me disse também que uma vez ela comeu uma semente de amora e ficou completamente apavorada por semanas, se olhando no espelho para ver se acontecia alguma transformação.


METAMORFOSE EM PROCESSO, ESPELHO GIRANDO COMO EM UM GRANDE CIRCO MÍSTICO.

domingo, 24 de março de 2013

"Credores"



Não me venha falar na malícia de toda mulher!
Você sabe explicar, você sabe entender...tudo bem.

Você diz a verdade e a verdade é seu dom de iludir.
Como pode querer que a mulher vá viver sem mentir?

Imersão no Método

Você corre, corre, corre...nem sabe para onde está indo mas continua correndo!

Bioenergética mexe com:

- máscaras de ferro trancafiadas e enterradas nos mais profundos abismos;
- uma força que nem a gente sabe que tem;
- agulhas invisíveis que nos atravessam fazendo jorrar sangue vivo para tudo quanto é lado;
- balões de ar e sonhos descartáveis;
- o vulnerável. 

Each morning I get up I die a little.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Memórias Póstumas

Pelo menos ele me deixou na estação de metrô.
Pelo mais não me reconheço.

Pelo menos ele me envolveu em um ninho enquanto eu chorava.
Pelo mais não vejo sentido em continuar.

Pelo menos ele me convidou para entrar.
Pelo mais meus olhos cansados.

Pelo menos ele foi sensato.
Pelo mais a vontade de evaporar.

Pelo menos ele riscou seu corpo no meu.
Pelo mais no mínimo três banhos de sal grosso.

Pelo menos ele me disse "acontece".
Pelo mais voltei a fumar.

Pelo menos ele não me prometeu nada.
Pelo mais alucinei.

Pelo menos ele.
Pelo mais nós.

terça-feira, 12 de março de 2013

Esse É Pra Você!

Local: Minha Cabeça Encostada No Teu Peito Nu, Quentinho E Sem Defesa.

Data: Domingo Pé De Cachimbo.

Horário: À Noite.

Condições Climáticas Artificiais: Ar Condicionado No Máximo.

Desejo: Desafiar As Leis Da Física Quântica E Eternizar Cada Segundo Da Troca Num HD Interno-Externo-Denso-Meu-Seu-Inteiro.

Pensamento 1: Você Não Precisa De Mais Um Cigarro, Você Precisa De Mais De Mim.

Pensamento 2: Se A Gente Fosse Mudo Ganharíamos O Troféu De Casal Do Século.

Pensamento 3: "Você Não Precisa Ir Para Alto Mar"... Na Verdade Nem Precisa Colocar A Beirada Dos Dedos-Pensamento Na Areia.

PENSAMENTO: Você Precisa Aprender A Confiar Em Mim.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Um Quê

Todo canceriano tem um quê de histérico.
Todo gato tem um quê de suicida.
Toda partida tem um quê de liberdade.


sábado, 9 de março de 2013

Resposta Ao Batimento Nostálgico

Apesar das tuas palavras, que brutalmente tentar me convencer do teu estado-coração-seco, não posso ignorar a poesia magnética que os teus olhos contém. Imã, entende? Quando nos encaramos vejo tudo, absolutamente tudo: o afogamento, a tentativa de ressuscitar, o deixar correr...e num vacilo quase transparente, escapa tua mais primitiva vontade de abraçar o teu amor e nunca mais soltar. Você não me engana, meu pedacinho de céu!

Esse É O Meu Último Cigarro

"Esse é o último cigarro da minha vida", foi o que ela me disse na noite mais quente do ano. Conversamos sobre seu avanço nas aulas de violão e sobre como sonhávamos em abrir um restaurante no meio do mato.
[Não foi o seu último cigarro.]

"Esse é o último cigarro da minha vida", foi o que ela me disse assim que entrou em casa. Contou que havia encontrado com dona Flávia no elevador e que ela fez questão de comentar que depois de trinta e dois anos de vício total e absoluto, tinha resolvido parar de fumar. Alertou que não estava sendo fácil pois substituiu o cigarro pelo doce ("balas sete belo"!) e consequentemente havia passado do manequim 36 para o 40.
[Não foi o seu último cigarro.]

"Esse é o último cigarro da minha vida", foi o que ela me disse depois de chorar por quinze minutos seguidos. Tinha jurado que nunca mais assistiria uma comédia romântica no cinema pois além de incentivar a produção de filmes vazios logo de cara na bilheteria, ela não conseguia acreditar numa história de amor que independente do que acontecesse no durante, teria o seu "happy ending"garantido. Era uma farsa.
[Não foi o seu último cigarro.]

"Esse é o último cigarro da minha vida", foi o que ela me disse às sete horas da manhã enquanto se preparava para a sessão de meditação em grupo que começaria às oito no Largo do Machado. Acordou às seis, preparou um suco de laranja e seu clássico pão na chapa com manteiga e numa alegria estranhamente contagiante comentou que pararia de fumar pois tinha encontrado um "passatempo" tão delicioso quanto: a meditação.
[Não foi o seu último cigarro.]

"Esse é o último cigarro da minha vida", foi o que ela me disse após terminar de plantar sua última semente de girassol no jardim improvisado que construiu no parapeito da janela. Me contou que o girassol era sem dúvida sua flor favorita. Era majestosa e profunda apesar de não esbanjar um aroma único e invasivo como o do cigarro, por exemplo.  Me disse também que na medicina natural, suas flores e folhas são usadas para acelerar o processo de cicatrização, além de combater doenças pulmonares.
[Foi de fato o seu último cigarro.]

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

In A Manner Of Speaking

Um cadáver gelado deitado numa maca de metal sem personalidade, coberto por um lençol azul finíssimo com um pequeno corte em forma coração feito na base da tesoura próximo ao peito esquerdo.

Qualquer semelhança é pura especulação: morreu de amor.

"Não vê o corte? A profundidade? Não vê o sangue ressecado e agora completamente azul? Aposto que se você descobrir a parte dos olhos vai achar uma olheira bem caprichada...típica morte de gente que ama, ama, ama e não consegue fazer mais nada. A pessoa se perde na própria pulsação: tem veia que se funde com outra, órgão que troca de função...uma bagunça danada! Deus me livre! Prefiro morrer de morte matada!". Diziam as más línguas.

I'll see you on the dark side of the moon cause together we stand, divided we fall.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Estado Vegetativo

Preferia te ter em Estado Vegetativo! Juro por tudo que é mais sagrado que te daria banho todo santo dia às oito e meia da manhã, pentearia o cabelo pro lado direito, passaria cotonete no ouvido e no nariz, beijaria cada uma das suas bochechas lentamente, cortaria as unhas do pé, faria massagem com creme de leite de cabra, passaria alfazema em todo seu corpo, colocaria tequila no seu "soro alimento" e ainda tocaria a sua música favorita todo final de tarde. Nas quartas, às três horas, a Rita viria te visitar e traria notícias da família, do trabalho e do Bonsai, que assim como você teria virado árvore sagrada e auto suficiente. De quinze em quinze dias ela traria fotos do Rick em posições engraçadas e obesas e deixaria numa pilha na escrivaninha do lado da cama. Bolô, com ciúmes, espalharia as fotografias pela casa inteira e ainda morderia a bordinha só para dizer que passou por ali e que também gostaria de ser modelo. No sábado faríamos uma maratona de filmes clássicos e no domingo eu iria ler Drummond, Ana, Manoel, Clarice, Shakespeare e Neruda bem baixinho no seu ouvido. Quando eu cansasse da sua cara imóvel e inexpressiva, gritaria dez minutos em cada ouvido e depois passaria a tarde declamando Borges pra lá e pra cá completamente cínica. Se me enchesse de vez, compraria um hamster e colocaria sem pensar duas vezes na sua barriga. Daria gargalhadas.

Um Instante Para O Suspiro!

Apressei o passo e caminhei sozinha sem ter muito para onde ir. Passei pela padaria da Santa Clara: aquela em que nos encontramos formalmente pela primeira vez, se lembra, amada? Você pediu uma simples coca zero e minha ânsia determinou: um croissant de queijo brie com geléia de damasco, uma torta floresta negra (rimos um bocado dessa e de outras nomenclaturas bobas e aparentemente sem sentido) e um suco de melancia. Me lembro como se fosse hoje da cara feia que você fez...e não contente, ainda reclamou baixinho: "quem toma suco de melancia? coisa mais sem graça"! Em seguida tropecei naquele mesmo piso falso maldito que arranhou feio a sola da minha sapatilha de verniz que eu tanto amava e tinha escolhido usar especialmente naquele dia porque ia te ver. Lembra que você tentou segurar o riso porque não queria me deixar sem graça?
A vontade que tive de fechar os olhos por um instante e te imaginar ali no meio da multidão, pronta para me dar um abraço de urso e atrapalhar o fluxo insano das pessoas apressadas. Afinal, porque elas correm tanto? Será que em algum lugar alguém as espera ansiosamente como eu também te espero?

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

It's A Long Long Long Long Way

Os olhos da cobra verde
Hoje foi que arreparei
Se arreparasse a mais tempo
Não amava quem amei

Arrenego de quem diz
Que o nosso amor se acabou
Ele agora está mais firme
Do que quando começou

A água com areia brinca na beira do mar
A água passa e a areia fica no lugar

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Quinet Cutucando E Eu Caindo Do Balanço

Deixa eu adivinhar: mocinha, lá pros seus vinte, um pouco destrambelhada, no mínimo EXÓTICA. Adivinhei? Um tanto clichê, um tanto blasé. Confere, mademoiselle? Relógio com a pilha fraquíssima e infinita, nunca se encontrou no tempo certo. Bien commun, en fait, ne pensez-vous pas? Uma compota de sucrílhos com leite na mão direita e um filme do woody allen na esquerda. Et pensez-vous de l'exclusivité!!!
Haha
Haha
Haha
Haha                            

...

J'ai passé la journée en riant!    


PUEDE QUE NO TE DES CUENTA, PERO TENGO QUE ACLARAR: YO SOY LA ÚNICA QUE NECESITA.
                               

Um Pouco Ana, Um Pouco Seu.

Considerava-se a donzela da redondeza, a leve pureza que se encontra num copo de leite quente (prestes a formar bolha e explodir). Tinha às vezes grandes ânsias de outras terras, mas não se permitia sair do lugar sem antes traçar o destino final. Percebia uma certa inconstância nas suas ações.

Aliás não era dele que eu devia estar reclamando e sim da minha depressão, meu corpo querendo outra coisa. Descobriu enfim LA VIE EN MOUVEMENT. Esbanjou graça e sabia de fato cuidar de si.

La Vie En Mouvement não era suficiente: encontrou o porto e atracou-se! Tenho medo de dizer que a forma das letras oculta amor, desejo, e a tua esquiva pessoa ao meu redor. 

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Quando O Carnaval Passar Não Me Procure, Meu Bem!

Quando o carnaval passar
não me procure, meu bem!
O improviso dos mascarados
em nada me comove.
Coloca tua fantasia de esquimó,
pinta os pés de azul
e vem hibernar comigo.
Não me acorde antes do sol explodir!
Não quero resquícios de alegria pulando para tudo quanto é lado!

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Esse Amor Dura O Tempo Da Palavra

Visto o colete de renda que você me deu e desfilo por aí me sentindo um broto super bacana.
Você nem vê.
Borro o batom.
Borrifo antisséptico no coração.

ESSE AMOR DURA O TEMPO DA PALAVRA.

Te escrevo uma carta: 'não vá se perder por aí'.
Ela nunca chega.
Nem volta.

Magnetic Poetry

bleed and taste illusion

your purple shadow

i was born to avoid every single detail that you try to show me

destroy the dark

make art

because i imagine more

her smile is broken

drop the wild wind

you are a delicious trap

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Escrevi Por Você, E Daí?

Bela querida, 
confesso que não esperava te ver de perto tão cedo. Tive a impressão de que os meus olhos me enganavam o tempo todo e só pude confirmar a sanidade deles nos agradecimentos finais do espetáculo. Acredite quando lhe digo que te ver ali na segunda fileira, num teatro de quinta, em plena terça feira, não se encaixava em qualquer possibilidade real. Travou-se então uma batalha dentro de mim: apesar do meu peito sentir tua presença latejando (principalmente quando tocou "pedaço de mim"- juro por Deus que cantei para ti), minha mente não parava de criar empecilhos e teimava em negar qualquer vestígio teu. 

Me pergunto agora o que te traz para essas bandas. É feriado no Rio? Será que veio para algum aniversário? Algum casamento? Estava entediada? Precisava de um tempo? Veio atrás de alguém? Estava com saudade da cidade cinza? Estava com saudade de mim?

Novamente o conflito se estende e espero que entenda que não pretendo te procurar para esclarecer minhas dúvidas. Creio que alimentar qualquer contato contigo seja inútil, visto que não consigo esquecer o amor que sinto. E principalmente, a dor que senti por conta desse amor. Não acredito que algum dia eu possa te explicar o tamanho desses sentimentos mas de antemão, gostaria de te pedir uma coisa: não me procure. Qualquer contato teu seria no mínimo devastador. E o que menos preciso nesse momento é de intensidade. Existem outras pessoas envolvidas nessa novela que se tornou nossas vidas e as coisas estão mais complicadas do que parecem. Veja bem: não te quero mal, apenas preciso cuidar de mim e do que construí nesses últimos meses sem ti. 

Espero do fundo do meu coração que um dia tudo isso passe e que possamos nos encontrar sem dívidas ou mágoas e principalmente que possamos rir até altas horas (beliscando um queijo mais ou menos e bebendo um bom vinho, como nos bons tempos). 






LUZ APAGA. FECHA A CORTINA.

Sessão De Descarrego

Bela querida,
cheguei a triste conclusão de que esta cidade praiana não faz tão bem a um coração solitário. Sinto te dizer isso desta forma mas foi a única alternativa que encontrei: vou-me embora pois não posso ficar aqui contrariando o que sente meu coração. Tentarei, talvez, entrar em contato amanhã (mas por favor não me recrimine se não o fizer). De qualquer forma, deixo-te esse presente que te comprei de natal. Espero que goste e espero que sirva (não sou tão bom em dar presentes).
Quem sabe num futuro qualquer eu venha de novo à Salvador para que então possamos curti-la e passar calor juntos. E rir. Rir de toda a tragédia melodramática que se instalou no meu peito ao perceber que talvez o meu amor não fosse suficiente.
Aproveito para pedir desculpa...mas eu não esperava mergulhar tão profundamente (e prazerosamente) nos teus carinhos.
Sabes que sempre duvidei dessa estória de alma-gêmea. Hoje, porém, vejo que tu não és só minha alma gêmea. Tu és minha alma siamesa, com alguns anos de diferença.
Com a mente e o coração apertados, despeço-me.
Um grande beijo em teu coração. Outro (mas este nem precisa ser tão grande) em tua boca.




(Sobre o tempo e as faces da lua: tudo dói)



Oi...Para mim fora muito difícil...mas creio que todos merecem ao menos uma resposta. Não sei se voltaremos a um convívio...mas saiba que não desgosto de ti, apenas perdi em algum lugar o que tinha! Enquanto não reencontrar...



(Agora: PERFORMAÇÃO)

domingo, 27 de janeiro de 2013

Amour

um corpo estirado na cama.
pálido.
casto.
magro.
infantil.
no travesseiro uma coroa de flores devidamente cortadas, regadas e cuidadosamente selecionadas.

dói,
dói,
dói,
dói,
dói,
dói
,

poupa-me desse sentimento.


Playlist

Abraço roto: can't live if living is without you.
Vigilar teu sono: the way you changed my life.
Primeira pessoa no presente imperfeito e completo: i'm so free.
Quase perder a cabeça: she loves you and you know you should be glad.
Um domingo para esquecer: prece cósmica.
Deixar-se levar: não pense que a cabeça aguenta se você parar.
Nunca, nunca mude: that breathless charm.

Abrir mão é uma arte.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Confissões Essenciais

Eduardo Galeano me deixa entediada com todo esse papo de América Latina em pó.
Não é nada pessoal: a verdade é que não gosto de contos.

Já o cinema oriental me encanta.
Apesar da desconfiança com olhinhos puxados.

Gosto de dormir do lado da cama contrário a porta porque me sinto mais segura.
Ainda tenho um pouco de medo do escuro.

O "Abraçaço" do Caetano é super pra frentex.
Eu curto novidade.

Pessoas me cansam muito.
Penso em me isolar por um tempo.
Talvez para sempre.
Talvez só até amanhã.

Não sei em que ponto perdi o ritmo frenético, mas de alguma forma sinto falta das aulas de piano, ballet clássico e do cabelo que batia na cintura.
Não sei em que ponto me perdi.

Gosto da nova configuração mas me sinto velha, exausta.
Penso que já já vou morrer.
Isso não me dá medo.
Me dá até um certo alívio.

Tudo O Que Não Sei Dizer

*O reflexo vago, vasto da lagrima caída que não se nota. Um fantasma que me puxa o pé e me acaricia como seu último gesto de crueldade a cada silhueta de asfalto. Vontade de sair rasgando tudo. 

*Encaro a faca da cozinha por nove minutos. Confiro: afiadíssima. Como num segredo, em alto e bom som, ecoa o medo inexorável que se instalou dentro de mim quando não te senti mais ali. Mas isso não parece ter importância visto que tua vontade de confundir alhos com bugalhos é tamanha. 

 *Poderia passar três semanas num monólogo dissertando sobre tuas qualidades. Teu jeito arredio e forte de ser tão parecido com o meu. Teu sorriso de canto de boca. Tua cabeça enorme, cheia de ideias bobas e geniais. A felicidade que me dá ao ouvir tua batida tão tua toda vez que você chega. A vontade de fugir pra qualquer lugar e plantar batatas contigo. Teu corpo quente. Tua presença que não aceita mais ou menos: ou está ou não (tenho aprendido muito com isso...e o que é pior: ficado mais exigente-não entendo como poderia pois já atingi a cota). Poderia tentar te convencer disso tudo e do amor que sinto toda vez que olho nos teus olhos. Mas preciso que você lembre: a câmera deve focar naquilo que realmente interessa, no que queremos filmar e guardar para todo sempre ou até quando a memória e principalmente a bateria aguentar.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Onde A Estrada Toca

Não é queixa barata, desculpa pro rock'n'roll.
É tempestade histérica, um eterno bate cabeça!
Delírio!
É qualquer coisa que me cause insônia.

Locução

Da arte de recriar situações com um teor enigmático. 
A vontade que vem e passa apesar da corrente.
Fechar os olhos, colar com um adesivo super colorido e de textura duvidosa para nunca mais abrir.
Qualquer sinal de fumaça que te traga pra pertinho, amorfo. 

- Qual o preço de toda dor que se encolhe, rir e grita até doer a barriga-peito-coração-momento-inteira?

Aquela carta que não mandei e teu silêncio que se faz presente em todo lugar. Mas acima de tudo: uma vontade danada de adaptar uma rádio 24h na sua garganta.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Touch Too Much

Escutar Black Sabbath é desmemoriar a vontade de te ver.


IRON.MAN
                              nobody helps him
                              nobody wants him


Tudo o que vem de ti é pesado demais e meus pés já estão calejados de tanto percorrer esse mix tortuoso que se tornou o carinho gratis, 'always love you'.

*Uma blusa podrinha de qualquer metal, a vontade de gritar sem parar e PARANOID rasgando no fone de ouvido.


quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Santo Cereal!

Da esperteza de um gato "super malhado": nada de colocar na boca antes de cheirar bastante, olhar de perto e piscar os olhinhos lentamente. Que fosse o cereal mais delicioso de todo o universo! Não saberia sem antes completar o ritual. E o que é pior: mesmo depois de mordiscar e lamber os bigodes, ainda parou um instante para analisar! Parou, respirou fundo com uma barriga gigante e o pulmão maior ainda. Imagino que nesse momento a sua vida inteira passou como filme de sessão da tarde: lenta, tosca e bizarramente contagiante. Todas as refeições servidas, as rações secas, os sachês grudentos e tão desejados, o pedaço de pão roubado de cima da mesa da cozinha, o dedo fino e branco da dona melado de vitamina de banana...seria esse cereal o seu prato favorito? Não saberia sem antes se convencer do contrário.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Vida que vira vida.

Vida
que
de
segundo
vira
minuto
que
vira
hora
que
vira
dia
que
vira
mês
que
vira
ano
que
vira
vida
.

Agora levanta, sai de cima de mim, larga meu colo, coloca tua blusa, me dá um último beijo. E mais um.