sábado, 25 de maio de 2013

São Paulo, dia X, madrugada.

Mon cher,
entendo do pouco que me faz levantar e escrever, do muito que rasga aqui dentro e me aquece, do quase nada que inventa qualquer moda e principalmente da vontade que vai e vem sem culpa alguma.

Escrevo de uma Remington12 amarela, gasta pelo tempo e de espaço indefinido.

Fecho os olhos e marco cada batida do meu coração. Finalmente aceito que o vazio faz parte de tudo que me cerca e não poderia fugir disso visto que faço parte das coisas todas.

Lembro de Ferreira Gullar: "não te mataste, não vais te matar e aguentarás até o fim". Talvez uma vírgula a mais. Talvez nada.

Te escrevo para que não te esqueças de mim pois não garanto que lembrarei sempre que necessário. Te escrevo para que me guardes em uma gaveta velha junto com o ticket destacado de cinema, junto com o medalhão de família e até talvez na gaveta de revistas pornô.

Rezo para que a sua memória não seja tão efêmera quanto a minha.
Rezo para que você me salve do tédio, do medo da solidão, da janela trancafiada numa noite fria, gelada.
Rezo para que não tenhas insônia e que num repente resolvas me apagar por completo sem ao menos reconsiderar. Já o fiz tantas vezes...
Rezo para que completo, não sintas necessidade do agora e sempre.

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