domingo, 28 de abril de 2013

REC

Gravei você: reclamando do sol, rasgando os boletos antigos e agora sem valor, tirando minha música favorita no violão, rindo descontrolado, se olhando no espelho, falando da vida e de tudo que é inevitável, confundindo palavras (Freud explica), admirando o porta retrato da sala, melando a boca sem perceber com a calda extra de caramelo do sorvete de três bolas que você pediu, escolhendo o caminho errado, voltando atrás, não voltando atrás, gritando sem motivo, espremendo aquela espinha inflamada que você me prometeu não mexer, roendo o polegar compulsivamente, vestindo meias diferentes, dançando um brega qualquer...


Só não gravei: o vazio histérico que se instala em você, bate no espelho, reflete em fusão interna eterna e num descuido me pega de raspão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário