segunda-feira, 29 de abril de 2013

Hard Feelings (Leminski)

Oceans,
emotions,
ships, ships,
and other relationships.
keep us going
through the fog
and wandering mist.

What is it
that I missed? 

domingo, 28 de abril de 2013

REC

Gravei você: reclamando do sol, rasgando os boletos antigos e agora sem valor, tirando minha música favorita no violão, rindo descontrolado, se olhando no espelho, falando da vida e de tudo que é inevitável, confundindo palavras (Freud explica), admirando o porta retrato da sala, melando a boca sem perceber com a calda extra de caramelo do sorvete de três bolas que você pediu, escolhendo o caminho errado, voltando atrás, não voltando atrás, gritando sem motivo, espremendo aquela espinha inflamada que você me prometeu não mexer, roendo o polegar compulsivamente, vestindo meias diferentes, dançando um brega qualquer...


Só não gravei: o vazio histérico que se instala em você, bate no espelho, reflete em fusão interna eterna e num descuido me pega de raspão.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Você Já Esteve No Céu?

Anúncio: fogo, fogo, fogo! Ouvi alguém indicar num grito rasgado que a escada era o mais indicado mas minha teimosia e pressa de chegar me empurraram para dentro do elevador. Claustrofobia das maiores, sufoco e um precipício gigante. Deixe-me sair! Deixe-me sair! Uma luz branca me cegou e perdi todos os sentidos.

Marca-passo em pensamento. Coração numa velocidade de aproximadamente 220 km/minuto. Potencialmente perigoso. Alucinação iminente e sem previsão de volta.

Al Bowlly, Al Bowlly, Al Bowlly, Al Bowlly, Al Bowlly...disco tocando...uísque com bastante gelo para não queimar... the very thought of you... segredos contados baixinho... teu hálito violeta... sou toda ouvidos... you're my everything... merci, merci, mon cher... esperança nostálgica... troca de cartas sugestivas... orquestra comportadíssima... guilty of loving you... dedos longos... desejo bip bop blues... acordar do lado certo da cama... i never had the chance... pausa para o alcance... você já esteve no céu?

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Devotion Em Turnê

Earth, Wind & Fire me tirando para dançar e para lembrar da sua risada looping aguda. Movimento sem pé nem cabeça, sabe? É só saltitar lá dentro, lacrar bem lacrado os olhinhos, balançar os ombros e o quadril de um lado pro outro pra frente pra trás para diagonal para paralela para sul para norte para leste para oeste para o infinito e entrar no ritmo! Sonhei que a gente criava uma banda chamada Devotion. O repertório era uma mistureba só...oitenta porcento era PUNK ROCK, ok, ok...já era de se esperar! Mas o que realmente agitava a galera era o funk, o R&B e principalmente Soul! Nada disso espantava: tudo o que se faz de coração, de alma mesmo, toca fundo lá no último suspiro. Maurice era o nosso fã número um: ia para todos os shows (inclusive ele foi naquele que fizemos em Stella Maris, lembra? aquele fiasco...), sabia todas as nossas músicas de cor e salteado, escrevia cartas de mais de metro e numa loucura qualquer até tatuou nosso nome na palma da mão esquerda. Ah...Maurice...quanto amor!
Vez ou outra rolava uma briguinha aqui, outra acolá...tá, a gente brigava quase todo dia...mas acho que é normal. Minha avó sempre me disse que amizade e negócios não se misturam. Agora adicione a essa conta uma paixão vital pela música, uns rolos emocionais tremendos (eu bem te avisei que a gente não deveria se beijar nunca), um ciúme reprimido e para completar, minha falta de habilidade de lidar com sua grosseria. Quantas vezes já chorei escondido? Quantas vezes usei dela como desculpa para qualquer escorregadinha básica e necessária? Água e fogo não se misturam, uma anula a outra...se bem que vez ou outra só faz alimentar e crescer para o infinito. Enfim, como me disseram: negócios à parte! Só posso te dizer que pode ficar tranquilo, a banda não tem um fim trágico e inevitável. Sobreviveremos a cada crise. Talvez um hiato ou dez mil...alguns mais longos que outros...mas tudo calculado direitinho. Another road where maybe I could see another kind of mind there! 

terça-feira, 16 de abril de 2013

Sem Título Porque Assim Como Meu Coração Uma Caixa Vazia (E Apertada) Em Nada Comove

Ontem descobri:

Sem contato não há conflito.

Celulares pré pagos não pegam no exterior.

Ninguém toca "As Time Goes By" como Sam.

Nem todo suicídio é um grito de desespero.

Me perco nas contas e principalmente nos contos.

Voos podem ser ultra antecipados sem prévia autorização de um cardiologista.

E claro: "We will always have Paris".

sábado, 13 de abril de 2013

O Dia Em Que Vida Descobriu Meu Retrato


Sábado De Aleluia

Hoje como de costume pintei a boca de vermelho, lembrei de você, prometi jamais voltar atrás e marquei cada passo com feijões coloridos e um pouco velhos: guardados sem cuidado na estante...até mesmo esquecidos no mês de abril.

O que não era de costume e se deu como um piscar de olhos: a fronteira, ou até quem sabe "a distância", necessária para não se perder a clareza e principalmente a COERÊNCIA. Brinquei com todos, dei colo para Nilo: extremamente difícil e ao mesmo tempo só amor (mais tarde saberia da sua "condição especial", sem prés: autista), marchei escandalosamente na chuva, fiz história. Afinal qualquer lugar é lugar. COERÊNCIA.

domingo, 7 de abril de 2013

Você

me salva?

A...

Chamei sua poesia de ridícula e desnecessária, cuspi como se um profundo nojo me chegasse. Estranhíssimo. Quase motivo de despejo.
Recolheu suas coisas, abotoou sua camisa e reticenciou que talvez eu não entendesse.
Fez de meu mau gosto ignorância.

A(m

en
in
a

qu
en
ão
sa
bi
al
er
.)

...

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Quatro de Abril Não Dezesseis de Setembro

enquanto você parece não ter medo de se jogar da ponte sem vírgula sem cálculo mesmo sem mar eu fico aqui paralisada observando e corrigindo cada parágrafo colocando ponto onde não devia aspas onde menos se espera e o que é pior fico imaginando o que leva alguém a ser assim sem freio algum ou esconde muito bem ou eu que não consigo distinguir impulso de estímulo ou até mesmo provocação rio que corre solto soltíssimo

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Se É Para Falar De Você Que Ao Menos Se Encha A Boca Para Falar De Mim Também

Se é para falar de desejo que ao menos se apague a luz, que ao menos se feche a cortina, que ao menos me vista o espartilho, que ao menos prevaleça o sussurro, que ao menos o obstáculo seja insuficiente e que a espera seja temporária.
Se é para falar da nossa dança louca na madrugada que ao menos toque um jazz sem escrúpulo num repeat eterno...
Se é para falar do meu olhar que bate no seu e reflete para outras galáxias igualmente arrebatadas que ao menos se permita o encontro.
Se é para falar de She And Him tocando na rádio 24h seguidas que ao menos se construa um teletransporte de uma vez por todas.
Se é para falar de ansiedade que ao menos me emprestem um paraquedas.


Se é para falar de você que ao menos se encha a boca para falar de mim também.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Once Upon A Time

Avisou que não viria mais: último beijo, poema sem fim, assombração puxando o pé, superdosagem de rivotril.

Avisou que não sabia se viria e veio: episódios inéditos de doçura, I know I'll think of you every step of the way, um salva vidas correndo para alto mar.